sexta-feira, 3 de junho de 2016

Cerveró diz que Dilma está envolvida com Pasadena, Collor tinha operador e FHC tem rabo preso

A delação do ex-diretor da área Internacional da Petrobras Nestor Cerveró foi homologada no fim de 2015, mas estava sob sigilo no Supremo Tribunal Federal e só foi divulgada nesta quinta-feira (2) porque o Ministério Público Federal entendeu que não era mais necessário esse sigilo já que as investigações estão adiantadas e que seria possível essa divulgação oficial.

O JN teve acesso à íntegra das delações de Nestor Cerveró. Quatro pontos foram destacados. Num dos depoimentos, Cerveró falou que a presidente afastada Dilma Rousseff sabia sim de todos os detalhes da compra da refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, inclusive do pagamento de propina aos agentes políticos e políticos do PT.

No depoimento, Cerveró disse que "supõe que Dilma Rousseff sabia que políticos do Partido dos Trabalhadores recebiam propina oriunda da Petrobras. Que, no entanto, o declarante nunca tratou diretamente com Dilma Rousseff sobre o repasse de propina, seja para ela, seja para políticos, seja para o Partido dos Trabalhadores. Que o declarante não tem conhecimento de que Dilma Rousseff tenha solicitado na Petrobras recursos para ela, para políticos ou para o Partido dos Trabalhadores".

Num segundo ponto, Cerveró diz que ouviu do ex-advogado dele, Edson Ribeiro, que Dilma o ajudaria. Edson Ribeiro contou para Cerveró que Delcídio do Amaral havia lhe dito que teve uma reunião com a presidente da República, Dilma Rousseff, e ela dissera ao senador que não se preocupasse porque ela "cuidaria dos meninos", referindo-se a Nestor Cerveró e ao ex-diretor da área de Serviços da Petrobras, Renato Duque, que também foi preso pela Lava Jato.

Num terceiro ponto, Cerveró disse que a Petrobras orientou um negócio com uma firma ligada ao filho do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. No depoimento, Cerveró disse que Fernando Soares, conhecido como Fernando Baiano, e os dirigentes de uma empresa chamada Union Fenosa, acreditavam que o negócio estava acertado, faltando apenas a assinatura para a finalização. "Mas, no entanto, o negócio já estava fechado com uma empresa vinculada ao filho do ex-presidente da República Fernando Henrique Cardoso, de nome Paulo Henrique Cardoso."

No quarto ponto, Cerveró também disse que a UTC pagou de R$ 15 milhões a R$ 20 milhões a Fernando Collor por meio do operador Pedro Paulo Leoni Ramos, ex-ministro de Collor.

No seu depoimento, Cerveró não cita se sabia se Fernando Henrique Cardoso tinha envolvimento direto nesse negócio.

Com a delação, graças a esse acordo, Cerveró vai sair da cadeia no dia 24 de junho. Vai para casa onde cumprirá prisão domiciliar. Pelo acordo ele só pode ser condenado a no máximo 25 anos de prisão, mas terá de devolver aos cofres públicos mais de R$ 17 milhões que ele teria desviado através desse esquema de corrupção na Petrobras.

O JN entrou em contato com a assessoria da presidente afastada Dilma Rousseff, mas até o momento não obtivemos retorno.

O JN não conseguiu contato com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que está em viagem, na Europa. O filho dele, Paulo Henrique Cardoso, disse que não conhece as empresas mencionadas e negou que tenha qualquer vínculo com elas.

Collor tinha operador de propinas de codinome 'Pânico'

Cerveró mencionou propina de R$ 6 mi a R$ 10 mi para Collor em negócio da BR Distribuidora(Evarista Sa/AFP)

Um dos principais alvos da delação premiada de Nestor Cerveró, ex-diretor da BR Distribuidora e da Petrobras, é o senador e ex-presidente Fernando Collor de Mello (PTC-AL). Segundo Cerveró, Collor tinha um operador do PTB, seu antigo partido, de apelido "Pânico". Pânico "estava sempre na BR", relatou o delator. Segundo Cerveró, Collor arrecadava propina na compra de álcool de usineiros e também nos acordos para uso de "bandeira" das distribuidoras de combustível em postos de São Paulo. O ex-diretor da Petrobras afirmou que Collor levou entre 6 e 10 milhões de reais na negociação para que a rede de postos da DVBR – Derivados do Brasil SA se associasse à BR Distribuidora. A subsidiária da Petrobras pagou 150 milhões pelo negócio. (Felipe Frazão, de Brasília)

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