segunda-feira, 11 de julho de 2016

Dom Aldo diz que foi vítima de conspiração de um grupo de padres por 'mexer no bolso'


Dom Aldo renunciou ao cargo de arcebispo na última semana (Foto: Divulgação)

O arcebispo emérito Dom Aldo Pagotto afirmou em entrevista à Revista Veja que foi vítima de conspirações após resolver investigar desvio de dinheiro dentro da Igreja Católica na Paraíba. A entrevista foi publicada neste domingo (10).

"A questão administrativa e patrimonial da Arquidiocese estava bastante comprometida. Então começamos a colocar as coisas em ordem, com prestação de contas. Isso mexeu na posição de uns privilegiados. Havia coisas não muito bem resolvidas", afirmou Dom Aldo.

O arcebispo emérito afirma que mexer no bolso trouxe várias reações e acusações. "Essa reação partia de um grupo pequeno, mas muito bem articulado, formado por cinco padres. Passaram a acusar que o clero no estado estaria dividido, e outras coisas morais. Diziam que eu era ditador. Depois foram para os ataques pessoais de ordem afetiva e sexual. Aí foram para a baixaria mesmo, com acusações horrendas à minha pessoa e a outros padres também", destacou Dom Aldo.

De acordo com Dom Aldo, esses padres desfrutam de um poder financeiro que não queriam que fosse afetado. Ele ainda cita o Colégio Pio XII, que tinha um rombo de R$ 1,8 milhão quando assumiu a arquidiocese. "Havia um colégio aqui, o Pio XII, que eu tive que fechar quando cheguei porque havia uma coisa não resolvida ali. Era um colégio tradicional, de mais de 80 anos. Pedimos uma auditoria e fizeram de tudo para não fazer essa auditoria. Sempre me era aconselhado: 'Não é bom mexer com isso'".

Sobre a identidade dos padres, Dom Aldo ainda diz que sabe quem são e que os denunciou. "Eu sei quem são. Alguns nomes eu levei para a Santa Sé. Pelo menos o nome de dois, entre eles o que capitaneia, eu informei à Santa Sé. São padres muito bem posicionados aqui, veteranos".

Renúncia

Ainda na entrevista divulgada pela Revista Veja, Dom Aldo afirma que a renúncia não aconteceu por vontade própria, mas por uma determinação vinda diretamente do Vaticano. Devido à disciplina religiosa e ao respeito à hierarquia da Igreja, o agora arcebispo emérito foi obrigado a aceitar a determinação.

O anúncio oficial da renúncia de Dom Aldo aconteceu com a divulgação de sua carta em 6 de junho. Oficialmente, a alegação inicial é de que ele estaria passando por problemas de saúde.

Ainda no início do mês de junho, Dom Aldo conta que foi chamado a Brasília para conversar com o núncio apostólico, o representante do papa no Brasil. E, em nome do papa, o núncio o fez redigir sua carta de renúncia no mesmo dia.

"Fiquei lá (na Nunciatura Apostólica, em Brasília) uma manhã inteira. A conversa com o núncio foi de pelo menos uma hora. A sós, no gabinete dele. Ele recordou todos os fatos. Eu pedi, de novo, para ter acesso ao que eu era acusado, ao relatório ou ao dossiê. Ele disse: não se pode mostrar. Então, se é assim... Ele também não disse quem acusava. Ele aconselha. Eu também tirei minhas dúvidas. Ele disse: 'O papa está muito preocupado com você. É para o seu bem. Para o seu bem e para o bem da Igreja. Então, para o bem da Igreja e para o seu bem, você pense'. Eu cheguei a dizer: está bem, está muito certo, entendi tudo. Eu mesmo me choquei", explica Dom Aldo.

ClickPB

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