quarta-feira, 20 de julho de 2016

Homem suspeito de matar esposa manipulou cena do crime, diz polícia

Suspeito tinha posse de arma, curso de atirador e registro da arma usada no crime (Foto: Walter Paparazzo/G1)

O homem suspeito de matar a própria esposa no bairro do Muçumagro, em João Pessoa, manipulou toda a cena do crime e forjou o suicídio da vítima, segundo apontou a perícia da Polícia Civil. As conclusões foram apresentadas na manhã desta quarta-feira (20), mas o crime aconteceu no quintal da casa onde o casal morava na segunda-feira (18). O suspeito, de 30 anos, foi preso na terça-feira (19), nega que matou a mulher e diz que manipulou a cena para tentar salvar a vida dela.

De acordo com a delegada Maria das Dores Coutinho, responsável pelo caso, o trabalho feito pela perícia criminal foi fundamental para descartar a possibilidade de suicídio, levantada inicialmente, e esclarecer o crime como sendo de homicídio. "Pelas características encontradas no corpo, a perícia é clara em dizer que a vítima não tinha como efetuar um disparo na própria cabeça e que o tiro que a atingiu fatalmente foi efetuado à distância", disse.

Segundo o perito Ademar Roberto, quando a equipe do Instituto de Polícia Científica (IPC) chegou ao local do suposto suicídio, a vítima já não se encontrava na posição que estava quando foi morta. "A arma foi encontrada a dois metros e meio da vítima e sem o carregador, em cima de um banco. Além disso, observamos a mancha de sangue que escorreu do ferimento e que não era compatível com o suicídio. Ao analisarmos isso, já fomos descartando essa possibilidade. A cena foi completamente manipulada", disse.

O suspeito, Carlos Eduardo Carneiro, explica que estava dormindo quando acordou com o barulho de um disparo. Segundo ele, a manipulação do local da morte se deu pois ele tentou reanimar a vítima. "Acordei com o disparo e corri para socorrer ela. Ela suspirou no meu braço, eu ouvi o último suspiro no meu braço", disse.

De acordo com Herbert Bosson, que também é perito, um fato importante encontrado pelos peritos foi a inconsistência entre o horário que o suspeito disse ter ouvido o tiro e o horário no qual a vítima realmente morreu. "Segundo consta nos relatos, a polícia foi acionada às 3h50. Quando chegamos lá, por volta das 5h, encontramos uma rigidez cadavérica na vítima de que ela teria morrido pelo menos às 2h. A delegada tem total razão com a preocupação em relação à manipulação do local do crime, uma vez que houve tempo hábil entre o horário da morte e o que a polícia foi chamada", disse.

Motivos para o crime
Segundo a delegada, até esta quarta-feira (20) a polícia acredita que o crime teria acontecido durante uma discussão entre o suspeito e a vítima, mas não descarta a possibilidade do crime ter sido premeditado. "Quando ele fala do que poderia ter motivado o suicídio dela, diz apenas que ela andava meio triste, muito embora a gente acredite que o relacionamento tinha problemas. A vítima cobrava atenção e provavelmente houve uma discussão entre eles", disse.

Ainda de acordo com Maria das Dores, o suspeito tinha posse de arma, curso de atirador e registro da arma usada no crime. No momento da prisão, na casa do suspeito, a polícia encontrou, além da arma registrada, outras pistolas, que não tinham registros. "Na casa dele este arsenal foi encontrado enterrado no jardim", diz.

Morte foi tratada a princípio como suicídio, mas perícia levou a identificar marido como suspeito (Foto: Walter Paparazzo/G1)

G1PB

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